October 13th, 2008 · 1 Comment
Amigos e companheiros,
Espero honestamente que vocês tenham votado na Marta: São Paulo merece esta chance. Ela é honesta, bem-educada e mulher. Uma revolução na política paulistana. Vai ser bom: novos ares… A cidade vai ficar uma belezura… Poderemos gostar mais ainda desta complexidade que é São Paulo.
Isto porque não é fácil gostar de São Paulo, como é fácil gostar do Rio, por exemplo. São Paulo é caótica, problemática, provocativa, mas atraente. Exatamente por essas mesmas razões.
A Marta é psicóloga. Ela entende desta atração pela complexidade. Na psicologia, um caso simples, neurótico, é menos interessante que um bem maluco, psicótico. Eu sempre achei isso, quanto mais grave o caso mais interessante. E São Paulo não é para amadores. Não é uma cidade simplesmente neurótica: tem traços fóbicos, esquizofrênicos e paranóicos. E ao mesmo tempo, para além desses traços, descortina-se uma cidade maravilhosa, cheia dos potenciais e das belezas peculiares.
Onde se encontram tantas raças e etnias juntas num convívio pacífico e até afetuoso?
São Paulo é exemplo da paciência. Só quem é paciente consegue enfrentar seu trânsito, o maior inimigo comum a todas as classes sociais, apesar dos túneis, helicópteros e ajuda das rádios.
E para vocês, o que São Paulo? Quem deve administrá-la?
Aguardo respostas.
Bjo, bjo,
Ely
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September 15th, 2008 · No Comments
Eu, grande, voltei pequena, para essa cidade monstra. E a vida vai… Desta vez, lá no Sarah, me firmei na bocha e nos passeios de barco. Se alguém quiser jogar bocha e tiver a pista, me convide. Ou se quiser passear de barco, vamos à represa!
Meus dias aqui são muito mais parados do que eram lá em Brasília. Aqui sou mais boneca de pano. Acho que, aos poucos, isso vai modificar, encontrando mais os amigos e saindo para passear.
Estou à espera.
Bjos,
Ely.
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September 1st, 2008 · 5 Comments
Continuo no Sarah, Tropa de Elite Osso Duro de Roer.
Sexta feira fui dar uma volta na Lagoa de Paranoá, reduto dos políticos ricos e poderosos de Brasília. Não fiz feio, fui de lancha e passei na casa da Dinda e nos fundos do Palácio da Alvorada. Estava um final de tarde lindo, com aquele céu de Brasília espraiado. Cheio de nuvens bobas e alegres.
No final de semana, as seis da manhã de sábado tive um pequeno peripaque. Sai no corredor e desmaiei de fome ( todos os médicos me dizem que é porque sai muito apressada da cama mas eu tenho certeza que foi fome: quem desmaiou foi EU. ) Voltei para o quarto em uma maca e me fui submetida a um milhão de testes, no final o diagnóstico foi fadiga ( ninguém falou mas foi pela fome: AHÁ ). O resultado foi passar o resto do sábado em observação. Eu observava o Gil que me observava.
No domingo saí para almoçar no luxuoso shopping Deck, além de uma sofisticada area de alimentação ( com 3 restaurantes e meio ) consta 1 farmácia, 2 banheiros e nenhum bebedouro. Almoçei em um restaurante chamado Vila Mada (vejam vocês, vim até Brasília para comer em um lugar muito parecido com os restaurantes perto de casa na Vila Madalena em SP ). Comi carne de sol com arroz de broccoli e mandioquinha. De sobremesa uma torta de chocolate ( hmmm já tô com fome de novo ).
Hoje segunda acordei cedo pra tomar café e depois hidroginástica ( aaaargh ). Logo de manhã ginástica não é a minha praia, muito menos na água. Sou gato. Graças as graças da Doutora Juliana a aula foi rápida e fácil. Como gostaria de ter essas aulas em São Paulo, a qualidade é dez !
Depois do almoço fui fazer Terapia Funcional com a Dra Ana Paula. Fiz 30 minutos de bicicleta ergométrica e mais alguns exercícios de débil mental de colocar cones de um lugar ao outro, vejam bem ao que fui reduzida ( o Gil insiste que esses exercícios, por mais estúpidos que sejam, ajudam na minha recuperação e rehabilitação de meu braço esquerdo, mas eu fico mau humorada pelo atentado a minha inteligência ).
NOTA DO GIL : A Dra Ana Paula é uma excelente profissional e seus exercícios colaboram muito para reativar os movimentos do lado esquerdo da Ely. O fato é de que ela realmente nunca gostou de fazer qualquer exercício, portanto fica de pá virada.
Logo mais tem Bocha, no momento estou aplastrada na cama. Não consigo nem levantar o dedinho. Mas a equipe vermelha da Bocha requer minha presença as cinco horas, vamos acabar com os azuis !
Beijos a todos
Ely
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Olá
Com a grande quantidade de comentários no post ” Algumas Coisas que Necessito ” achei que seria legal escrever um pouco sobre ele.
O texto se encontra em inglês no livro ” My Stroke of Insight “, da Jill Bolte Taylor, Ph.D, que o Gil trouxe pra ler. É um relato honesto e dedicado de um AVC sofrido por ela, uma doutora em neuroanatomia pela universidade de Harvard. O texto consta na realidade de 40 “pedidos”. Meu trabalho foi de traduzir e editar, adicionando um pouco do que eu queria dizer.
Adorei todos os comentários, eles são muito importantes para mim.
Saudades de todos.
beijos
Ely
PS: Outra notinha, eu li todos os comentários e vou muito tentar responder um por um. Só peço um pouco de paciência.
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Brasília Pra Que Te Quero
Hoje tive Terapia Funcional com a Dra. Ana Paula, na qual fui obrigada a andar por milhas e milhas e a fazer os exercícios mais ridículos e repetitivos possíveis. O meu filho Gil me diz que eles são necessários para a recuperação das funções de meu braço esquerdo.
Eu não quis mais fazer hidroginástica, continuo com horror de água.
Depois tive Psicologia com Dra. Andrea, estava muito cansada e pedi para fazer a sessão no quarto, aonde abrimos este blog e lemos alguns comentários. Eles são muito importantes para mim. ( Isto quer dizer : MEXAM-SE ! )
A tarde na aula de culinária, trabalhei em uma torta de maça com queijo, que ficou uma delícia. Eu cortei as maçãs e montei a torta na forma. Segundo a professora, eu cortava uma fatia e comia duas. Enquanto a torta ficava pronta, fui acompanhar um sarau organizado pela Maria José, uma amiga daqui que é música. O Gil foi escalado como guitarrista/assistente, mesmo só sabendo tocar três acordes ( nenhuma pestana ). O repertório era de cirandas, populares e afins, como Asa Branca, Peixe Vivo, Gralha Azul ( Cada nome né ? ).
No final da apresentação fui praticamente arrastada para o palco aonde fui novamente obrigada a cantar. Comecei com A Marvada da Pinga ( a única que o Gil sabia ) e depois cantei com a MJ uma música caipira, Xuá Xuá, todos cantaram conosco, foi lindo.
O Gil disse que vai tentar colocar um video aqui.
Depois disso foi torta pra todo lado, e voltamos aqui pro quarto.
Na sexta vou sair de barco, um barcão de vela chamado Guanabara, igual ao do Amir Klink.
Amanhã tem mais.
Seguem algumas fotos do Gil daqui…
Beijos a todos
Ely
PS : A Bia Portugal sugeriu que eu explicasse como estamos montando esse blog. Eu dito o texto pro Gil e ele escreve, portanto os erros de português são dele !






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Algumas Coisas que Necessito Muito de Todos Vocês
1. Eu não sou burra, estou somente machucada. Por Favor me respeite.
2. Venha perto, fale devagar e enuncie claramente.
3. Repita-se : Assuma que eu não sei nada e começe do começo, tudo de novo.
4. Seja paciente comigo, assim como voce foi da primeira vez que voce me ensinou algo.
5. Venha a mim com um coração aberto e vá devagar.
6. Me olhe nos olhos. Eu estou aqui, venha me encontrar. Me dê coragem.
7. Não levante seu tom de voz, eu não estou surda, somente machucada.
8. Estimule meu cérebro quando tenho a energia de aprender algo novo, mas saiba que mesmo um pouco pode acabar com minhas energias.
9. Me deixe sentir tudo, eu sou uma criança novamente.
10. Não julgue minha capacidade mental pela velocidade de meu pensamento.
11. Me anime. Acredite na minha recuperação, mesmo que essa leve 10 anos.
12. Esclareça qual é o próximo passo para que eu saiba e valorize o que estou fazendo.
13. Celebre todos os meu pequenos sucessos, eles me inspiram.
14. Por favor não termine minhas frases, ou ache palavras para mim, eu preciso encontrá-las sozinhas.
15. Eu talvez queira que voce pense que eu sei mais do que realmente sei.
16. Concentre-se naquilo que eu consigo fazer mais do que notar aquilo que não consigo fazer.
17. Me lembre que na abstenção de algumas funções, eu adquiri muitas outras.
18. Se lembre que os remédios que tomo podem me deixar cansada, assim como dificultar minha abilidade de saber exatamente quem sou ou o que sinto.
19. Me proteja mas não fique no meio do caminho de meu progresso.
20. Me ame por aquilo que sou hoje. Não me tenha como a pessoa que era antes. Tenho agora uma mente diferente.
Ely & Jill Bolt Taylor
8/26/08
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Minha Vida nos Trópicos
E lá fui eu, ( muito ) bem acompanhada do Gil, dia 18 para Brasília, a caminho do Centro de Reabilitação Sarah Kubischek.
Depois de um vôo terrível, fomos recebidos pela Gladys e Paula, que foram nos pegar no aeroporto.
Brasília é uma cidade charmosa e sedutora ( e principalmente disponível ). O inverno seco traz um céu extremamente azul, junto a coloração de terra vermelha e lagos artificiais.
Cheguei com muita expectativa de uma recuperação rápida e certeira. Mas neste instante, sou uma tartaruga.
Uma recuperação não é um renascimento. É um íngreme caminho montanha acima. Árduo e longo. Mas uma vez chegando, descortina-se a vista mais linda que seus olhos conseguem ver.
Logo que chegamos tivemos uma reuniao com a equipe de profissionais ( Segundo o Gil, os melhores do Brasil ), onde conversamos sobre o que estava acontecendo comigo.Foi definido entao um diagnostico, e, consequentemente, um semanario das inumeras atividades que partiparei.
Entre elas, temos Pedagogia, Psicologia, Terapia Funcional, Grupo de Artesanato, Nautica, cada qual com uma funcao especifica no desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas para minha recuperação. Na sessao de Psicologia, com Andrea e Liliane, trabalhamos a memoria com uma tecnica avancada de fotografia e textos para este blog. Alem da memoria, trabalhamos funcoes cognitivas, como linguagem, logica, planejamento, flexibilidade, heminegligencia, concentracao, entre outros. Segundo as queridas doutoras, me ajuda muito se voces comentarem esses novos avanços aqui. Afinal, minha vida é agora um livro em aberto .
Beijos e Saudades a todos
Ely
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Estou indo para mais uma rodada no Hospital Sarah Kubistcheck, em Brasília. Devo ficar três longas semanas. Então, por favor, me escrevam porque o computador vai junto.
Não conheço ninguém em Brasília e tenho medo de ficar muito sozinha, apesar de estar indo com meu filho Gil. É medo de deixar minha casa e minha rotina e não medo de ficar com o Gil, que é o filho com quem eu me entendo melhor.
Tenho certeza de que voltarei melhor. Como a tartaruga da fábula, é devagar que se chega lá.
Ely, 11/08/08
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A gente tem muito preconceito contra a China, contra os chineses. Chinês é tudo contrabandista, tudo embaixo do pano. Chinês é o contrabandista do mundo, o paraguaio do mundo.
ISTO É FALSO!!!!
A China é uma nação com uma história riquíssima. As tradições são respeitadas, você respira história onde pisa. As tradições não morreram, elas são vivas e praticadas. Feng Shui, tai chi chuan, culinária chinesa, horóscopo chinês, estética chinesa, das roupas á decoração, são praticados até hoje no cotidiano das pessoas, no caso, metade da população mundial.
Os chineses são extremamente refinados e educados. Merecem hoje nossa reverência e não nosso preconceito, fruto do temor de um terço da população mundial.
Mas por que tanto preconceito?
O preconceito sempre é com o mais fraco ou com o mais forte. No caso, existe um chinês para cada dois não-chineses: um chinês com costumes, língua e conduta inexoravelmente fechados. Por exemplo, o menear de cabeça para o não do Ocidente, na China é sim, o que causa muito estranhamento e confusão para os outros povos do mundo, exceção da Índia.
Na Índia, eles olham profundamente para o fundo dos seus olhos. Na China, ninguém olha para você. É falta de educação. Eles desviam o olhar. Olhar de frente é quase um ato de soberba e orgulho. E, como são indecifráveis, é mais prudente não encará-los.
Os chineses também têm seus preconceitos em relação aos ocidentais. Eles sabem que eles são mais chiques, que eles têm cinco mil anos de história e os ocidentais não. Esta é a parte da soberba deles.
Os chineses imigrantes podem não ter mais dinheiro e nem status, mas a soberba continua intacta, pois é passada de geração em geração. Eles sabem que têm um bem maior: história e cultura.
Quem sairá vencedor desta contenda? Quem sabe poderemos ser todos nós? O difícil será fazer uma carta-compromisso de cessar fogo. Teríamos de ter vinte ONUs para fazer a mediação e chegarmos num ponto pacífico fortalecido.
Ely, 04/08/08
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